10/06/2022

O mercado de imóveis celebrou recordes de lançamentos de edifícios e de financiamentos imobiliários nos dois últimos anos. Em Curitiba, as vendas de imóveis residenciais e comerciais cresceram 12% em 2021, de acordo com pesquisa da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no Paraná (Ademi-PR), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica. Enquanto isso, a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) registrou dois recordes anuais seguidos de financiamento imobiliário com recursos da poupança. A alta foi de 58% em 2020, e 65% em 2021. Em 2022, o ramo tem novos desafios, mas oferece oportunidades promissoras de bons negócios. Para falar sobre o assunto, entrevistamos Marcos Kahtalian, sócio-fundador da Brain Inteligência Estratégica.
 
Após o aquecimento do mercado nos últimos dois anos, 2022 segue como um bom momento para a compra de imóveis? 
 
Na minha avaliação é um bom momento. Os preços estão subindo, e quem comprar agora ainda vai conseguir bons valores, antes da ascensão.
 
Até quando deve durar o intervalo antes do aumento?
 
Esses aumentos devem ocorrer ao longo deste ano, devido à pressão de custos. Eu acredito que quem conseguir se antecipar vai fazer um bom negócio. Além disso, as taxas de juros do financiamento imobiliário ainda estão na casa de um dígito, o comprador ainda consegue uma boa taxa para obtenção de crédito imobiliário.
 
Por que investir em imóveis pode ser um bom negócio?
 
Não há uma resposta única: depende dos horizontes e interesses de cada investidor. Em momentos turbulentos, em que há alguma agitação econômica, o imóvel é sempre um bom refúgio, porque garante uma segurança e rentabilidade de longo prazo bastante sólida.  Além disso, um investimento em imóvel em um momento como agora, em que está havendo um processo de elevação de preço, pode ser interessante, justamente pela possibilidade de comprá-lo com valores mais acessíveis do que serão amanhã.
 
O que considerar na hora de comprar um imóvel como investimento?
 
O comprador tem que considerar duas coisas: se o objetivo é renda permanente ou valorização. Na primeira opção, para obter renda de locação comum ou temporária, os imóveis mais resilientes são os residenciais pequenos, nas regiões centrais da cidade. Se o objetivo é a valorização a longo prazo, para incremento do patrimônio com uma venda futura, a recomendação é comprar de maneira antecipada, porque você consegue aproveitar o crescimento e a valorização daquele imóvel. Isso serve tanto para residencial quanto comercial.
 
Caso o investimento tenha como objetivo a venda após a valorização, quando saber qual o momento ideal para realizar a compra?
 
Tanto em momentos em que há oportunidade — como agora, antes dos preços aumentarem —, quanto com a compra de imóveis na planta, ou de terrenos, quando você percebe a evolução que vai ocorrer em uma determinada região, ou com um determinado tipo de produto, e enxerga a possibilidade de um bom negócio. Quantos de nós não temos histórias pessoais, de amigos ou parentes que compraram algum imóvel ou terreno que valia muito pouco, e que passaram cinco, dez anos, e o valor teve um crescimento muito mais expressivo do que se fosse uma aplicação financeira, por exemplo? Isso tem a ver com você antecipar movimentos de compra, ou seja, comprar em boas condições para conseguir ter rentabilidade a longo prazo.
 
Quais são as suas dicas para quem quer descobrir esse tipo de oportunidade?
 
Estudar o mercado imobiliário. É um mercado que tem características muito específicas, depende muito das dinâmicas das economias de cada cidade. Para ser um investidor, como em qualquer mercado, é importante ter informação, estudar o assunto e pedir auxílio de quem tenha experiência nesse mercado.
 
O que mudou no mercado de imóveis com a pandemia?
 
Muita coisa. Eu diria que o ponto central da mudança foi a possibilidade de trabalho remoto de maneira mais extensiva. Essa possibilidade — pelo menos para parte da população, e pelo menos em parte do tempo —, provocou uma mudança nos padrões de moradia. Por exemplo, passou a ser viável morar longe dos centros urbanos, em cidades do interior. A casa de praia, que era o local de lazer, de segunda moradia, pôde se transformar em uma residência mais permanente. O ponto que eu considero muito importante é a consolidação do “delivery de tudo”. Tudo virou delivery, o que significa que os empreendimentos passaram a ser centrais logísticas de entregas. Agora você tem portarias onde não chegam cartas, mas encomendas. Ou seja, esses locais vão precisar ter cofres, sistemas de armazenamento e de controle. E para isso tem que haver uma reorganização das portarias dos condomínios de maneira geral. Esses impactos da pandemia devem continuar com alguma intensidade.
 
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/